
Oi, meu nome é Frankie Adamson, tenho 16 anos, 1,55 de altura e faço o segundo ano do ensino médio. Sou uma pessoa TOTALMENTE normal, mas não para todas as pessoas. A criaturinha bizarra da sala. Não tenho culpa de ser tão baixinha com 16 anos. Ah, e qual o problema de ler de cabeça para baixo num galho de uma árvore? É relaxante.
Nesse momento, estou com meus dois melhores amigos: Susan e David.
- Ah, qual é, Frankie? Tem certeza que não quer sair com a gente hoje? Vamos ao cinema assistir aquele filme que você queria tanto ver. Qual é mesmo o nome, David? – Susan olhou para David com os olhos brilhando, como sempre o olhava.
- Conde Drácula. – respondeu David friamente.
Drácula, pensei. Que bizarro!
- Não vai dá, gente. Eu tenho um compromisso sério hoje, e não posso faltá-lo. – inventei uma desculpa qualquer.
- Você nunca tem tempo para a gente, Frankie. São tantos compromissos. E você ainda não nos contou como quebrou seu braço. – questionou Susan.
- Bem, eu caí de bicicleta. – menti.
- Corta essa, Fran. Caiu de bicicleta? E desde quando você anda de bicicleta?
Aquele interrogatório não acabava mais, e por que David estava tão calado?
- Acredite se quiser, Susan. A história é essa e pronto. – pus um ponto final.
- Se você diz. Olha, estou indo para a classe. Pode deixar que eu levo seus cadernos, tá? – Susan pegou meus cadernos e saiu correndo. Nem me deixou responder se eu queria que ela levasse meus livros para a sala ou não.
- Poxa, hoje ela está um fogo. – falei sorrindo.
- É. – respondeu David para o nada.
- Você está tão estranho. O que deu em você?
- Como você quebrou o braço? Em mais uma de suas lutas? – perguntou David agora olhando seriamente para mim. Ele nem respondeu minha pergunta.
- Ontem não foi fácil. Eu pensei que iria morrer. Aquele vampiro era muito forte. Não era amador como os outros...
- Eu fico preocupado com você, Frank. Tenho medo que se machuque. – David parou à minha frente. Dessa vez seus olhos estavam tristes. Foi de dar dó. – Olha só o estado do seu braço. – apontou-o.
- Eu sei. – sorri. – Mas é o que eu faço, e gosto disso. - menti descaradamente, porque eu não gostava um tiquinho de nada de aniquilar “as coisas”.
Tá, admito: eu até que gostava um tantinho, pode ser relaxante às vezes, porque você pode descontar seu estresse neles.
- Você tem que parar! Ou vai acabar morrendo! – David me abraçou tão rápido que não tive ação em seguida.
- Tudo bem. Não se preocupe. Irei ficar bem. Eu prometo. – acalmei-o afagando seu cabelo com o braço bom.
- Eu quero que me prometa que nunca mais irá fazer isso.
Aí já era pedir demais, cara. O que ele estava pensando quando me pediu isso? Ele queria morrer também? Porque eu não duvido nada que um dia desses aparecesse um lobisomem e mordesse-o. Quem iria protegê-lo? A Buffy é que não era.
- Espera aí. – afastei-o para poder olhar em seus olhos. – Quer que eu pare de matar criaturas? – perguntei indignada.
- Sim.
- Mas eu não posso fazer isso! É o meu dever proteger esse mundo! – comecei a berrar no meio do corredor. – Você está louco?! Endoidou de vez e esqueceu-se de me contar?! Mas que espécie de pedido é esse, David?! – eram perguntas em cima de mais perguntas.
As pessoas nos olhavam de um jeito diferente. David olhou para os lados e olhou-me.
- Vamos conversar lá fora. As pessoas estão nos olhando.
David pegou meu cotovelo e começou a me puxar para fora do colégio.
- Ei, o que você está fazendo?! Pare de me puxar! – exclamei, ficando irritada. – Eu sei andar sozinha!
- Tudo bem. – soltou meu braço com delicadeza.
Andamos em silêncio até chegarmos ao pátio. Não havia quase ninguém por lá. Parei, cruzei os braços e comecei a bater o pé no chão com velocidade, fazendo birra. David viu que eu tinha parado e veio à minha direção, ficando bem próximo do meu corpo.
– O que você quer que eu faça?! Deixar as pessoas morrerem sem que eu faça nada? – continuava batendo o pé no chão.
- Outra pessoa pode fazer seu trabalho, Frank.
- Não! Não pode! – gritei.
- E por que não?
- Porque a única pessoa que poderia fazer meu trabalho está morta! – gritei mais uma vez, só que naquele instante, as lágrimas começaram a jorrar dos meus olhos sem que eu percebesse.
- Eu sei que sua mãe morreu tentando salvar outra pessoa...
- Você não sabe de nada, David! – o interrompi. – Ela salvou o meu pai. O meu pai. Mas morreu. – parei e continuei. – E se for para salvar uma pessoa especial para mim, eu morro no lugar dela, mas não deixo vestígios da criatura que tentou matá-la.
Eu estava fora de mim. Comecei a dar socos no peito do David – ou melhor, tentando dar socos, porque o braço forte que eu usava para lutar estava totalmente quebrado – e sem força.
- VOCÊ NÃO SABE DE NADA! – gritei - DE NADA! – e repeti mais uma vez.
David me abraçou novamente. Eu tentava recuar dos seus braços, porém, eles eram tão aconchegantes e fortes demais. Não resisti e aceitei seu abraço. Segurei firme em sua camisa e enfiei minha cara no seu peito. Caí no chão, e ele caiu junto comigo, ainda me envolvendo em seus braços, feito uma bola, como se ele estivesse tentando proteger uma criança indefesa.
- David, eu sinto tanta falta dela. – falei entre soluços.
- Shhh, está tudo bem. – ele me acalmava como um irmão que nunca tive.
- Tudo que sei, devo a ela. – continuei.
- Eu sei, eu sei. Tente se acalmar. – David falava baixinho, com voz mansa.
- Você é o único que sabe do meu segredo, fora meu pai. – falei, com o choro cessando um pouco. Tenho que confessar, os braços do cara estavam me matando de tanto conforto. – Confiei em você, David! Só não contei para Susan, porque tive medo da reação dela. Ela nem iria acreditar em mim! Iria me achar uma louca! – fiz silêncio.
Achei que o meu “showzinho” particular já tinha no que dar, então, afastei-me dos braços de David devagar. Sua camisa estava totalmente encharcada. Comecei a ficar vermelha depois que vi a camisa grudada em seu peito. Como nunca percebi que David era tão forte? Eu realmente só o enxergava como irmão, por isso nunca reparei no seu físico e nem percebi com o passar dos anos o quanto cresceu. Eu estava presa demais em meus problemas para prestar atenção nas pessoas que estavam ao meu redor.
- Desculpe. – sussurrei.
- Pelo quê? – sorriu para mim amigavelmente.
- Por ter encharcado sua camisa. – comecei a enxugar minhas lágrimas, porque eu havia parado de chorar. - Eu faço questão de lavá-la. – respondi, pondo-me de pé.
- Não precisa. Enxuga rápido. – continuava sorrindo e levantou-se.
- Mas eu faço questão! – exclamei, pondo minha mão – somente a boa – na cintura. - Ei, por que você está rindo? – perguntei dando um passo à frente e entortando a cabeça como um cachorrinho faz quando não sabe o que está acontecendo.
- De nada. – gargalhou.
- Hmm, você está rindo de mim, senhor David Couto? – perguntei seriamente.
Ele não me falou nada, apenas ficou me olhando com um imenso sorriso estampado no rosto.
- Tudo bem. Você não vai me contar. – virei para a entrada do colégio, a fim de entrar. Já havia tocado e só estávamos nós dois no pátio. – Eu já vou. – falei, fitando o céu.
- Espera! – ele pegou meu braço e me virou para junto dele. – Quero falar algo sério com você. – àquela altura, ele já havia parado de rir e sua expressão estava a mesma de alguns minutos atrás: séria.
- Então ande logo. Estamos atrasados para a primeira aula. – concordei, olhando em seus olhos.
Ele estava tão perto de mim que cheguei a ficar com um pouco de vertigem, e não era normal sentir vertigem por um cara que é considerado um irmão, mas seu rosto estava próximo demais do meu e eu sentia sua respiração. Respiração alterada, se você quer saber.
- É que... Bem... Não sei explicar. – David olhou para o lado, corando. Achei tão bonitinho que sorri, entretanto, mordi meu lábio inferior para ele não perceber.
- Então você me conta outra hora. Estamos atrasados e...
- Não! – ele me interrompeu.
- Tudo bem, tudo bem. Você pode me contar agora... – não tive tempo de terminar, porque ele me beijou. SIM! ELE ME BEIJOU!
Eu fiquei parada no meu lugar. Sabe aquilo de que para toda ação há uma reação? Pois é, só que eu fiquei sem nenhuma reação e de olhos abertos. O beijo dele era desesperado. Ele apertava seus lábios contra os meus com muita fúria. Ah, gostei não. Meu primeiro beijo, com a fúria nos lábios da parte do cara, e esse cara sendo o meu melhor amigo que eu considerava um irmão, não gostei nenhum pouco. Não que ele beijasse ruim, sabe. Mas era meu amigo, poxa. Nada a ver. Esperei ele terminar o que estava fazendo para depois eu socar o seu narizinho e dizer umas poucas e boas. Quanta falta de sensibilidade da parte do David. Nós éramos irmãos!
Bem, quase.
Então, David foi cessando o beijo aos poucos. Eu já estava totalmente sem fôlego. Ele abriu os olhos – finalmente – e, quando viu meu estado, desencostou seus lábios dos meus rapidamente.
- Por que você me beijou? – perguntei ao mesmo tempo em que respirava alto.
- Porque eu te amo. – David respondeu sem pensar no que eu poderia fazer com ele.
- E me amar é motivo para me beijar? – levantei as sobrancelhas.
- Você não me deixava falar, então tive que apelar para o beijo.
Senti que ele estava nervoso quando disse aquilo.
- Eu não deixava você falar? – levantei mais ainda as sobrancelhas. – Qual é?! É você que estava hesitando feito um louco.
- Eu não pensei. Quando dei por mim, já era tarde demais. – ele pôs as mãos na cabeça com ar de nervosismo.
- Pois pense antes de tomar alguma atitude, David. – fuzilei-o com os olhos, virei para a entrada do colégio e saí andando como se nada tivesse acontecido.
MAS QUE AUDÁCIA!
- FRANKIE! DESCULPA! – David gritou, mas eu não quis ouvir. Não quis ouvir mais nada.
***
Pensei que as aulas de hoje não terminariam. Não prestei atenção aos professores, eles chamaram minha atenção diversas vezes e perguntaram em que mundo eu estava. Quando tocou, fiquei parada em meu lugar, nem queria me levantar. David tentou falar comigo, entretanto, nem dei ouvidos. Como esse garoto ainda tinha coragem para tanto? Só não o esbofeteei, porque ele ainda era meu amigo e eu estava com meu braço – o mais forte - machucado. O cara me beijou sem que eu quisesse, e ainda ficava correndo atrás de mim. Odeio caras que se humilham, parece, digamos, chiclete grudado no sapato.
- Frankie, é sério. Preciso falar com você. – ele havia se agachado ao lado da minha carteira e estava olhando fixamente para mim, mas meu rosto estava virado para a janela, ou melhor, eu estava olhando para além da janela, vendo uns caras jogando futebol.
- Não temos nada para conversar. – falei secamente ainda olhando para a janela.
- Queria que você soubesse o quanto eu amo você e que não te beijei por mal. Foi apenas um impulso.
Eu não agüentava essas coisas. Odeio quem fica cutucando a ferida enquanto não sara. Será que David não percebe que eu não o amo, e que só é meu amigo há anos e mais nada? E não há a mínima possibilidade de nós ficarmos juntos? Foi por isso que minha fúria explodiu.
- POIS TRATE DE CONTROLAR SEUS IMPULSOS, MEU AMIGO! – olhei para ele gritando. Levantei-me empurrando a carteira com força, fazendo um barulho enorme. Por um momento eu quis que ela batesse no David, porém, ele se afastou.
Saí da sala marchando com a raiva transbordando da minha cara. Se algumas pessoas soubessem o que estava acontecendo, poderiam pensar que era besteira da minha parte estar dando um fora num garoto que gostava de mim, mas não, elas não entenderiam, porque ninguém sabe que eu não sinto nada por David. Gente, será que era difícil de entender que eu não o vejo “daquele jeito” e que não quero ficar o iludindo? É por isso que eu estava agindo de uma maneira arrogante, para ver se a ficha dele caía e parava de tentar algo comigo.
David saiu correndo atrás de mim pelo corredor. Ele conseguira alcançar meu cotovelo e me puxara para junto de si. Eu realmente não queria que ele repetisse a mesma cena do beijo, mas ao contrário disso, ocorreu algo inesperado:
- JÁ DISSE QUE QUERO FALAR COM VOCÊ, CARAMBA! OUÇA-ME POR UM MOMENTO! – David gritou. Aquele olhar de garoto bonzinho havia desaparecido completamente e ele estava me olhando com olhos de homem decidido.
- Não grite comigo! Você não sabe o que sou capaz de te fazer quando este braço aqui melhorar. – apontei com a cabeça para meu braço esquerdo. – E me largue, por favor!
David me largou, cruzou os braços, olhou para o lado e começou a fitar o bebedouro. Seus músculos ficaram tensos, eu percebi.
- Só queria que você soubesse que não irei mais te beijar. Não se você NÃO quiser. E queria te pedir desculpas por te amar, mas você sabe que não mando no meu coração. – David falou, ainda olhando para o bebedouro, porém, virou o olhar para mim logo após. – E espero que esse beijo não mude nossa amizade. – ele estava quase chorando.
- Ótima escolha, garoto. – olhei-o melhor. – Ah, não. Isso são lágrimas? – apontei para seus olhos.
David enfiou as mãos nos olhos, enxugando as lágrimas com rapidez. Não agüento ver garotos chorando, ainda mais meu melhor amigo, por isso pus um ponto final nessa história.
- Ok, ok. – levantei as mãos. - Tudo bem, desculpo você, mas espero que não ocorra mais isso, certo? Ah, e não precisa pedir desculpas por me amar, porque eu também amo você. E muito, mas não daquele jeito, e sim como um irmão. – sorri automaticamente.
- Certo. – olhou-me e retribuiu meu sorriso. Ele ainda estava com os olhos vermelhos.
Olhei para os lados e inclinei-me um pouco para frente, chegando mais perto de David.
- Acho que você deveria dar uma chance a Susan. – abri logo o jogo, já que aquele era um momento de confissões, resolvi contar sobre a paixonite secreta da minha amiga por ele. - Ela gosta muito de você, sabe. – conclui.
- Susan gosta de mim? – David levantou uma sobrancelha e começou a rir.
- Não estou achando motivos para você rir. – falei seriamente.
- Desculpe. – controlou-se. – Mas você tem certeza que ela gosta de mim? – perguntou um tanto curioso.
- Você nunca reparou no jeito que ela te olha, a atenção que te dá e quando você pede algo, ela faz com o maior carinho? – imitei o jeito de Susan quando ela fica perto de David. Um doce só.
Ele riu novamente.
- Sinceramente, pensei que fosse só porque ela é minha amiga.
- Você tem muito o que aprender, David. Francamente, ela te ama. – questionei já indo para a saída.
- Não posso fazer nada se ela gosta de mim ou me ama, como você disse.
- Você pode fazer sim: dar uma chance a ela. É a melhor forma.
- Vou tentar, mas será difícil. Irei fazer o máximo possível para gostar dela tanto quanto gosto de você. E não venha bater em mim se eu machucá-la... – não o deixei terminar, porque o abracei. Já estávamos no pátio do colégio e as pessoas ficaram nos olhando. Ele retribuiu meu abraço e ainda fez o FAVOR de me rodopiar.
David fazia isso desde que éramos crianças e nunca deixou essa mania irritante – mas que eu gostava – de lado.
Depois de muito esforço, ele me pôs no chão. Sorri debilmente, dei um socozinho em seu ombro e nos dirigimos para fora do colégio.
- Você poderia me deixar em casa na sua super bicicleta? – perguntei sorrindo.
- Claro! – os olhos de David brilharam naquele instante. – Só um momento. Irei pegá-la. – saiu correndo.
Fiquei o observando. David era um cara legal e merecia o melhor, e bem, eu não era a pessoa certa para ele, na verdade, acho que não sou a pessoa certa para nenhum tipo de garoto. Sempre irei me aproximar de algum com receio de que o machuque, ou melhor, que o machuquem. E eu não queria isso para David. Susan e ele dariam certo. Quero vê-los felizes, assim como algum dia ficarei.
Quando dei por mim, David já estava do meu lado com sua bicicleta, vendo-me pensar.
- Está tudo bem? – perguntou.
- Hm? – olhei-o. – Ah... Claro. – sorri gentilmente.
Entreguei meus livros a David e colocou-os em sua mochila, sentei no guidão da bicicleta e ele começou a pedalar. Por um momento me senti criança novamente. Na ida para casa não falamos nada, apenas fechei meu olhos e deixei a brisa do vento bater em meu rosto.
***
Cheguei à minha casa totalmente feliz. Ainda bem que David não tentou roubar outro beijo de mim. Deu-me tchau e prometeu que iria conversar com Susan.
- Papai, onde o senhor está? - assim que pus meus pés em casa, gritei pelo meu pai.
- Na cozinha, querida. – respondeu papai. A sua voz estava muito fria. – Venha aqui. Preciso conversar com você. – realmente não estava de bom humor hoje.
Cheguei à cozinha aos pulos. Eu estava muito feliz, entretanto, essa felicidade desapareceu assim que vi o rosto do meu pai. Ele estava sentado à mesa com os cotovelos em cima dela e as mãos cruzadas estavam sob seu queixo. Papai me olhou de uma forma triste quando entrei a cozinha. Ele realmente não era assim. Havia superado a morte da minha mãe há anos e sempre estava sorrindo.
- O que aconteceu, papai? – puxei uma cadeira da mesa, sentei ao seu lado e pus minha mão em seu ombro. – Você está me deixando preocupada. – olhei-o.
- Tenho que dar uma notícia não muito boa. – falou entre dentes.
- Então fale, ué. – fiquei curiosa e preocupada ao mesmo tempo.
- Está havendo outro caso de criaturas e... – não deixei meu pai terminar a frase. Simplesmente me levantei da cadeira e berrei.
- O QUÊ?! MAS QUE DROGA É ESSA?! EU JÁ NÃO DERROTEI TODAS ESSAS PRAGAS DAQUI?! – dei um soco na mesa. Por pouco não quebro meu braço que não estava machucado – e a mesa.
- Deixe-me terminar, por favor. – olhou-me com censura. – Sei que você destruiu todas as criaturas más daqui do Brasil, mas e dos outros países? Nunca pensou na possibilidade de haver outros em algumas das outras partes do mundo?
- Para ser sincera, não. Nunca pensei nessa possibilidade. – respondi, sentando-me novamente na cadeira. – Mas em que país é? – olhei para a mesa e comecei a fazer círculos nela com a ponta do dedo indicador. Muito “entusiasmo” naquela hora.
- Inglaterra. – meu pai respondeu abaixando o rosto. Eu realmente não gostava daquela expressão.
- Eu vou ter que ir embora do Brasil, pai? – levantei a vista da mesa e perguntei, com a minha voz começando a falhar.
- Sim... – papai estava chorando quando respondeu. – Eu não queria isso, filha. Não queria mesmo, mas se é para o bem de todos, é melhor você ir. – levantou-se da cadeira, apoiou as mãos na mesma e olhou-me com olhos tristes que eu jamais pensei que iria ver novamente desde a morte da mamãe.
Não pensei duas vezes para abraçar meu pai. Eu estava soluçando feito um bebê.
- E quando vou embora? – afastei-me do meu pai um pouco e deixei minhas mãos sobre seus ombros.
- Talvez hoje. No máximo amanhã, querida.
- QUÊÊÊÊÊÊÊÊ? – gritei. – Hoje? Mas eu nem me despedi dos meus amigos. Por favor, preciso ir amanhã, somente amanhã. Dê-me esse tempo. – supliquei.
- Tudo bem. – papai retirou minhas mãos dos seus ombros com gentileza e deu-me um beijo na testa. – Vou sentir saudades da minha pequena criança. – acariciou minha bochecha.
- Pai, eu voltarei. – tentei forçar um sorriso. – Aliás, quanto tempo irei ficar na Inglaterra?
- Não sei. Talvez meses, talvez anos. – virou-se quando respondeu-me – Vou arrumar suas malas. É melhor você usar seu tempo restante aqui no Brasil com seus amigos. – saiu e ouvi meu pai indo em direção ao meu quarto, chorando.
Fiquei parada em meu lugar. Anos? Não acredito nisso. Então há mais criaturas na Inglaterra do que houvera aqui no Brasil? Meu Deus, não sei se agüentarei a distância. Mas se é para o bem de todos, é melhor eu ir. Ironia minha, essa última frase? Não, só quero um mundo de paz e com essas malditas criaturas banidas da civilização. Pareço a mulher maravilha? É, pode ser.
minha fiilhaa! vc é um simulador dxi situações viuu! parabéns! ;D
Arrasou, que tristr ela ter que ir.
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