Eu estava de boca aberta e de olhos fechados quando Lucy entrou no meu quarto às cinco e meia da manhã. Eu a ouvia, mas a preguiça era grande demais para deixar que eu abrisse meus olhos.

- Erm... Frankie? – chamou-me baixinho, mas continuei de olhos fechados. – Frankie? – Lucy cutucou minha bochecha e eu afastei sua mão com repulsa. – Querida, sinto muito lhe informar, mas desse jeito você vai chegar atrasada ao seu primeiro dia de aula. – falou pacientemente.

Abri um olho.

- O QUÊ? – arregalei meus olhos. – COMO ASSIM ATRASADA? – pulei da cama. Meu cabelo estava todo embaraçado, parecia que eu tinha tomado um choque. – Que horas são? – perguntei de pé, correndo de um lado para outro.

- São exatamente cinco e meia. – Lucy olhou de mim para seu relógio e novamente olhou-me. – Sua aula começa às seis e quinze.

- SEIS E QUINZE?! – olhei-a desesperada indo até a penteadeira. – Mas o que é isso? Que injustiça é essa? – abri uma gaveta, peguei meu pente – que por algum motivo não sei como ele chegou lá – e comecei a pentear meu cabelo rebelde.

- Injustiça? – Lucy cruzou os braços diante do peito.

- Isso mesmo, porque na minha antiga escola as aulas só começam às sete e quinze. – respondi e ao mesmo tempo levantei a escova na direção de Lucy. – Agora, deixe-me ir tomar um banho, certo? Desço já. – fui para o banheiro e tranquei a porta.

Eu não tinha visto o banheiro do meu quarto ainda, porque eu fiz o favor de cair feito uma pedra na minha cama na noite anterior. Nem minhas roupas eu havia trocado. Eu ainda estava com meu moletom colorido, minha regata preta por baixo e um jeans desbotado. Imediatamente fiz um favor a mim mesma de tirar tudo e entrar para debaixo do chuveiro. Por sorte, a água era morninha e não precisei por um pé embaixo do chuveiro para esperar a água esquentar – como eu sempre fazia em casa. Molhei meu cabelo; em seguida esfreguei-o com o xampu que achei num armariozinho abaixo do chuveiro – que por acaso era o meu -, espumei-me de sabonete – que por acaso TAMBÉM era o meu -, depois tirei tudo com a água, desliguei o chuveiro e peguei minha toalha – cara, como minhas coisas tinham chegado ali? - Olhei para meu moletom caído no chão, vi o punhal e inclinei-me para pegá-lo.

- Hmm, meu pai com certeza me mataria se me visse fazendo isso. – peguei o punhal e cortei as pontas do meu cabelo, repicando-as, deixando-o mais curto do que já era – mas nem tanto. Olhei-me no espelho enorme e tasquei o punhal na franja, deixando-a na altura dos meus olhos. Olhei-me no espelho e sorri.

- Bem melhor. – saí do banheiro com o punhal na mão e fui para o quarto. Abri uma gaveta da penteadeira e lá havia algumas roupas – minhas -, em seguida, abri o resto das gavetas e comecei a procurar roupas apropriadas. Peguei um moletom preto, uma regata branca básica e um jeans azul, bem, na verdade era azul-piscina. Vesti-me, sequei meu cabelo com a toalha, olhei para a cama e lá estavam minhas coisas – Lucy não havia esquecido, até minha cama havia arrumado enquanto eu tomava banho – dentro de uma mochila. Calcei meu all star velhinho que eu tanto amava, guardei o punhal no bolso que havia por dentro do moletom, pus a mochila nas costas e desci as escadas correndo.

- LUCY! – chamei.

- Estou aqui, querida. – respondeu-me.

Lucy estava de costas para a porta e estava mais bonita do que ontem. Ela era elegante demais para o meu gosto. Estava usando um sobretudo preto por cima de uma regata vermelha, um jeans apertado e um salto. Olhou-me e sorriu.

- Frankie, acho desnecessário você usar esse gesso. – ela apontou para o meu braço. – Já que você se cura tão rápido de seus ferimentos.

- Como você sabe disso? – aproximei-me dela.

- Tenho minhas fontes. – sorriu.

- Ah, bem, curo-me dentro de dois di... – não terminei a frase, porque meu queixo caiu.

Lucy havia pegado nos dois lados do gesso e com apenas um puxão de lados, partiu-o ao meio.

- OH-MEU-DEUS! – gritei, e gritei mesmo. Meus olhos estavam arregalados para o meu braço – que há poucos segundos atrás estava coberto por um gesso. Olhei para Lucy. – Você é assustadora, mulher! Que força é essa? – eu estava impressionada.

- Força? Que força? Não houve força nenhuma, querida. – ela sorriu para mim. – É melhor irmos, porque já são seis horas. Ah, ia me esquecendo. – jogou uma maçã para mim. – Não quero que você morra de fome. – virou as costas para mim, jogou a cabeça para trás e deu um risinho.

Estranha. Estranha até demais.

- Tudo bem. – dei uma mordida na maçã. – E então? Como vou para o colégio? – perguntei.

- De carro. – respondeu serenamente, voltando o olhar para mim.

Saímos de casa e da varanda vi um conversível preto. Isso mesmo, um conversível. E nova geração. Lucy não era fraca não.

- Não acredito que vou para o colégio nisso daí! – apontei para o carro, engasgando com um pedaço de maçã ao mesmo tempo.

- Não gostou? – Lucy olhou para mim.

- Se eu não gostei?! Tá doida?! – olhei-a, rindo debilmente. Terminei com a minha maçã e joguei o resto fora.

Corri até o carro e fiquei babando. A manhã estava nublada e fria, não pensei duas vezes, abri a porta do carona, entrei e liguei o aquecedor. Ué, sou folgadona mesmo.

- Pensei que você não viria mais. – Lucy sorriu para mim, já com a mão no volante.

- AAAAAAHH! – gritei. – Como você chegou aqui tão rápido?! – olhei-a um tanto assustada.

- Erm... Não foi rápido. – Lucy ligou o motor do carro e arrancamos. – Nossa, Frankie, gostei do seu cabelo. – olhou-me, sorrindo.

- Dá para olhar para a estrada. – respondi com a respiração alterada.

Imediatamente Lucy olhou para a estrada e parou o carro.

- Por que parou? – perguntei.

- Porque acabamos de chegar. Olha só. – ela apontou para o lado, e eu segui com o olhar a direção do seu dedo.

- Mas o quê?! Como assim?! – olhei para as pessoas que conversavam e sorriam. – Como chegamos aqui tão rápido?! – olhei para Lucy novamente. – Estávamos em casa agora mesmo...

- Hmm, não. Da nossa casa até aqui são dez minutos. – sorriu. – Agora saia do carro e pegue isto. – Lucy me entregou um papel com horários. – São suas aulas. Eu já falei com o diretor, o senhor Antônio, ele é brasileiro, então não se preocupe em falar com ele, certo? – olhou para mim e continuou. – Venho pegar você às duas e meia.

- Duas e meia? – franzi o cenho.

- Isso, as aulas só acabam às duas e meia. Agora saia do carro, por favor, desse jeito você vai chegar atrasada.

Abri a porta e olhei para Lucy.

- Não se preocupe, irá ficar tudo bem. – Lucy sorriu e me deu um leve empurrão para sair do carro. – Tchau. – acenou e desapareceu com seu carro.

Vi o conversível desaparecer na estrada e embaracei as pontas do meu cabelo sem querer.

- Como ela pode fazer isso comigo? – perguntei para mim mesma e virei para a entrada do colégio.

Olhei para o papel e a primeira aula era de geometria com o professor Vlado, na sala 10. Espera. Vlado? Mas que espécie de nome era aquele? Quem em sã consciência se chamaria Vlado? Vladmir seria um nome mais legal para um professor. Com certeza os pais dele não pensaram em como o filho reagiria com o seu nome quando crescesse. Entrei no colégio resmungando e senti olhares nas minhas costas. Ótimo. Bichinho esquisito novamente.

Levantei a vista do papel e deparei-me com um imenso corredor cheio de armários e salas de aula. Procurei a sala 10. Passei em frente da sala 02, da 05, 09, 12, 15, e finalmente, achei a 10. Abri a porta e dei um passo acanhado. Os olhares se voltaram para mim, o professor seguiu o olhar dos alunos e sorriu quando me viu.

- Ora, mas o que temos aqui? – o professor Vlado – continuo achando esse nome esquisito – se aproximou de mim e pôs um braço em volta dos meus ombros. – Quero que todos conheçam a senhorita Adamson, ela veio do Brasil ontem, não é legal? Então, sejam simpáticos com ela, turma. – afagou meus ombros gentilmente. – Pode ir sentar agora, senhorita Adamson. – continuou sorrindo.

- Por favor, só me chame de Frankie. – olhei-o.

- Ah, claro. – sorriu e tirou o braço dos meus ombros.

Vi alguns lugares vazios. Escolhi a carteira que estava ao lado da janela e sentei. O professor começou a explicar a matéria e peguei meu livro. Tsc, geometria é tudo a mesma coisa em qualquer lugar, pensei. Ele estava comentando sobre triângulos e como calcular a área deles. Quando o senhor Vlado engatou a primeira marcha não parou mais. Aula chata. Não via a hora de acabar.

E não demorou mesmo. Quando levantei a vista do meu livro, os alunos já estavam saindo da sala.

- Não irá sair, Frankie? – perguntou Vlado, juntando suas coisas.

- Ah! – foi o que consegui responder. Juntei minhas coisas e olhei no papel de horários qual seria a próxima aula: história, sala 05, professora Carmelita.

Cheguei à sala antes de algumas pessoas e, novamente, escolhi a carteira ao lado da janela, em seguida, o resto dos alunos entraram e a professora veio logo atrás.

Professora Carmelita era uma mulher engraçada e simpática. Descendia de espanhóis, e seu sotaque era forte. De vez em quando ela soltava algumas palavras em espanhol e eu me divertia à beça, porque era minha matéria favorita. Que pena que era aula de história.

- Ó, que chica hermosa. – apontou para mim.

Encolhi-me na cadeira e sorri, entretanto, logo após, Carmelita começou a explicar a matéria e mais uma vez às horas correram e fomos para a próxima aula: geografia, sala 01, professor Jorge. Ok, ele era um maluco e sua aula era um horror. Primeiro: porque ele era um inglês tentando falar brasileiro; segundo: porque era um arrogante sem classe. Foi a aula que mais demorou. A mais chata e a mais demorada, mas tocou para o almoço e eu fiquei mais tranqüila com a possibilidade de conhecer novas pessoas, porém, eu estava enganada, ninguém quis se aproximar de mim. Só fiz seguir meus colegas até o pátio gigante onde era servido o almoço. Entrei numa fila e tive a sensação de que havia alguém me observando. Olhei para os lados em busca de ver quem era, mas nada, e a fila continuou andando até chegar minha vez.

- What do you want to eat, girl? – perguntou o homem que estava atrás do balcão de comidas. Um homem gordo que usava um chapéu idiota de mestre cuca.

- Como é? – levantei uma sobrancelha sem entender nada.

- What? – inclinou-se para frente para me olhar melhor.

- Ah, qual é, garota?! Você não sabe falar inglês? Ele quer saber o que você vai querer. – uma garota intrometeu-se e apontou para o balcão.

- Não exatamente... – iniciei sem conseguir terminar.

- Ande logo, estou com fome! – levantou uma mão e levou-a a testa.

Assenti com a cabeça e indiquei com o dedo que queria um sanduíche de atum e um suco de laranja – sem falar nada-, e o cara entendeu o meu gesto.

- Obrigada. – agradeci a garota.

- Não entre no meu caminho quando eu estiver com fome. – respondeu com ignorância.

Fiz cara de brava para ela, mas eu não queria brigas, não no meu primeiro dia de aula. Por isso, peguei meu lanche, saí da fila, olhei em volta e vi uma mesa afastada das outras, caminhei em sua direção e sentei, mas eu continuava achando, ou melhor, eu tinha certeza de que havia alguém me observando, olhei novamente para os lados e dei uma mordida em meu sanduíche, depois tomei um gole do meu suco e a sensação de ser observada só aumentava a cada instante. Quando dei por mim, um cara se aproximou da minha mesa, olhou-me, sorriu e sentou-se à minha frente, começando a devorar seu lanche. Fiquei de boca aberta. Será que era esse cara que estava me observando? Mas por que raios essa sensação não ia embora? Pensei.

Nossa, eu não havia reparado, então tive que piscar duas vezes para ver se não era uma miragem. O garoto que tinha sentado à minha frente era muito bonito. Fui logo o filmando de cima a baixo: ele tinha o cabelo encaracolado e negro; a cor de sua pele era de um moreno perfeito; braços rígidos e fortes e olhos negros como a escuridão. Definitivamente, um gato, e a pateta aqui continuou de boca aberta. Porém, qual o motivo dessa escultura deslumbrante ter sentado justamente à minha mesa? A MINHA MESA ONDE SÓ EU ESTAVA. Meus pensamentos gritavam, mas continuei o olhando.

- Que foi? – levantou a vista de seu sanduíche e o deixou de lado. – Estou fazendo alguma besteira ou te incomodando? – levou os dedos à boca e lambeu-os.

Tentando ser sensual? Talvez. Só sei que depois dessa ceninha, tive que piscar novamente e tomar um gole do meu suco de laranja, depois conseguir falar.

- Hã, não... – respondi - Mas com um montão de gente e mesas por aí... Ah, por que você veio sentar justamente a esta mesa? – apontei para a mesa.

- Hmm, deixe-me ver... – sorriu e respondeu. – Porque eu quis, ué.

- Mas... – hesitei. – Você nem me conhece. Sou a garota nova. A “esquisitinha”. – fiz aspas no ar para enfatizar.

- E daí? – levantou as mãos, as cruzou uma na outra e pôs seus cotovelos em cima da mesa. – Eu gosto de pessoas novas, acho interessante haver mais uma brasileira neste colégio. – apontou com a cabeça para mim e ficou me olhando com um sorrisinho misterioso no rosto.

Pigarreei.

- Como você soube?

- As notícias correm rápido nessa zona, e bem, nós estamos conversando agora. – sorriu novamente. – A propósito, meu nome é Sammuel, mas pode me chamar de Sam, é assim que eles me chamam por aqui. – estendeu a mão para mim.

- Frankie. – apresentei-me e apertei sua mão.

- Frankie, – inclinou-se sobre a mesa, chegando mais perto de mim, como se fosse me contar um segredo. – Não acha estranho a forma como aquele cara olha para a nossa mesa? – indicou com a cabeça sem desviar o olhar de mim.

Foi aí que percebi: havia um cara encostado numa parede de frente para a nossa mesa, girando uma chave em seu dedo indicador sem parar. A postura do garoto era rígida. Estava com uma mão no bolso da calça e um dos pés apoiado na parede. Francamente, ele estava olhando para mim, mas eu não posso negar, o cara era lindo, mais do que o Sam. Meus olhos rapidamente entraram em ação: ele tinha cabelo meio puxado para loiro, na altura do queixo e era tão bagunçado; pele clara; um brinco pequeno na orelha esquerda – sou uma excelente observadora -; olhos verdes meio que para azuis. Mas no que mais reparei foi em sua roupa: calça jeans desbotada com rasgões nos joelhos; uma regata (que eu percebi); uma jaqueta preta de motoqueiro por cima da regata e um par de tênis acabados que me chamaram a atenção. Roupa perfeita.

- Tá, ele está olhando para a nossa mesa, mas e daí? – voltei o olhar sem querer para Sam depois de fazer a minha análise pessoal sobre o cara e tomei mais um gole do suco.

- Ele quer te conhecer. – Sam sorriu de ponta a ponta, mostrando covinhas fofas.

- O QUÊ?! – engasguei e comecei a tossir.

- É isso aí, garota. O esquisitão ali quer conhecer você. – endireitou-se na cadeira e voltou a comer seu sanduíche.

- Por que eu? Tem um monte de garotas por aí. – indiquei com a mão direita umas garotas que estavam passeando pelo pátio, começando a parar de tossir.

- Porque ele gostou de você, Frankie. – Sam respondeu de boca cheia.

- Olha só, isso daqui está muito esquisito. – levantei e olhei para Sam. – Vou para o jardim. Foi bom conhecer você. – sorri e saí andando normalmente.

- CALMA, ESPERE-ME! – Sam levantou da cadeira e seguiu-me.

Nham, nham. Garoto loiro da roupa legal querendo me conhecer? Hm, o dia não estava tão ruim quanto parecia.

Fui até o lixeiro, o cara que estava olhando para mim encontrava-se ao lado dele. Ótimo. Parei ao seu lado e joguei meu lixo. Olhou-me. Não desviou seu olhar de mim por um segundo. O que ele estava pensando? Se quisesse me conhecer, que não me olhasse daquela forma. Percebi que ele deveria ter seu 1, 80 m de altura, mais ou menos. Olhei-o de relance e seus olhos verdes-azuis encontraram os meus.

Morri, morri, morri. Morri mil vezes e agora estou olhando para o céu.

Meu coração pulou.

- Frankie. – Sam cutucou minha cabeça.

Olhei para o cara e olhei para Sam, imediatamente “abri meus olhos” e saí do transe.

- QUÊ É?! – gritei e o colégio todo, pode-se dizer, voltou-se para mim. Oh, que coisa boa, pensei com ironia.

Virei para a saída do pátio. Andei automaticamente até o jardim e percebi que Sam logo me acompanhou.

- Você está bem, Frankie? – olhou-me.

- Erm, acho que sim. – respondi quase sufocando.

- Ele não costuma olhar para as garotas daquele jeito, sabe? Não precisa ter medo dele. – Sam deu tapinhas amigáveis em meu ombro.

- Não estou com medo, só... – hesitei. – Confusa.

Sentei na grama e olhei o céu, quando finalmente chegamos ao jardim. Sam sentou ao meu lado.

- Sam... – olhei-o.

- Sim?

- Por que está andando comigo? – pus-me de frente a ele.

- Por que você é legal. – sorriu gentilmente.

- Tem certeza?

- Não – respondeu com o sorriso desaparecendo e continuou. – Porque o esquisitão quer te conhecer também e eu sou amigo dele, então tenho que ajudá-lo. – falou descaradamente.

Quis socá-lo, mas só olhei-o com desprezo.

- E eu achei que você queria ser meu amigo. – levantei-me. – Desculpe-me Sam, mas não venha mais atrás de mim. – virei às costas para ele e caminhei em direção a uma árvore onde não havia ninguém.

Deitei-me na grama e fechei meus olhos. A manhã ainda estava fria e nublada. Aproveitei para tirar um cochilo, mas alguns segundos depois ouvi passos. Sam, provavelmente, pensei.

- Sam, eu disse para você não vir atrás de mim. – continuei de olhos fechados.

- O Sam é irritante, mas ele é legal quando você o conhece bem.

Que voz era aquela? Tão máscula, pensei novamente. Abri meus olhos e o cara-esquisitão-amigo-de-Sam estava sentado ao meu lado, observando-me. Sentei rápido quando o vi.

- É... – sorri timidamente pondo a mão na cabeça. Senti que meu cabelo estava cheio de folhas, então, comecei a tirá-las.

- É... Nem sei por onde começar... Desculpe-me, tá? – aproximou-se de mim.

Ok, deduzi que a aproximação dele poderia me causar falta de ar.

- Pelo quê? – afastei-me um pouco, ainda retirando as folhas do meu cabelo.

- Bem, por não ter me apresentado antes. – aproximou-se mais um pouco.

- Ah, isso? Tudo bem. – fiz um gesto com a mão como se dissesse “tanto faz”.

- Bom, meu nome é Joseph. – sorriu.

Pensei que ele fosse estender a mão para eu apertar como Sam fez – ou sei lá o quê -, mas ao invés disso, ele se inclinou e beijou minha bochecha.

Corei e sorri debilmente. Ele era definitivamente esquisito, disso eu não tinha dúvidas. Mas era tão gato!

- Frankie. – apresentei-me.

- Espero que sejamos grandes amigos, nanica. – levantou, pôs uma das mãos no bolso da calça e sorriu. – É melhor levantar, a “recreação” acabou.

Levantei furiosa. Nanica?! Esses apelidos sem graça eram só o que faltava. Num momento o cara me beija – certo, beija minha bochecha – e em outra me chama de nanica? Eu, com certeza, o odeio com todas as minhas forças. E não é exagero!

***

Pensei que era Sam ou talvez o maluco do Joseph que estivesse me observando, mas eu estava errada, totalmente errada. Quando levantei da grama para ir à minha aula - que eu tive a infelicidade de compartilhar a mesma sala com Sam e Joseph. Duas salas e duas aulas diferentes com eles - percebi um vulto loiro escondendo-se atrás de uma árvore. Olhei-a e tive a certeza de que estava redondamente certa quanto ao vulto, mas que havia algo de estranho com ele... Ah, isso havia.

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Unknown Says:

kkkkkkk
que ódio fácil!!rsrsrs
tÔ começando a temer sua presença. ninda! bjaum

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