This entry was posted on quinta-feira, 15 de julho de 2010
- Ora, ora. O que temos aqui? – sorri e contornei Paul, filmando-o com o olhar de cima a baixo. – Pensei que eu tivesse te matado, mas vejo que estou errada. Tsc. – parei e fiquei a uns três metros de distância dele, ficando à sua frente.
Paul não havia mudado nada. Era o mesmo vampiro nojentinho com cara de anjinho de sempre. Cabelo castanho, pele clara e olhos negros. Beleza, ele podia ser bonitinho, mas tinha um péssimo gosto para roupas. Ele vestia uma calça de couro apertada, uma regata que deixava à mostra seus músculos e estava descalço.
- Frankie, quem é esse cara? – perguntou Stéph.
- Um amigo do passado que não tem nenhum significado para mim. – pus uma mão no quadril e olhei Stéph. – Hmm, acho que podemos aniquilá-lo sem muito esforço, não é, Paul? – levantei uma sobrancelha e soltei um risinho falso na sua direção.
- Bem, eu não diria isso se fosse você, Adamson. – Paul olhou uma das mãos. – Aliás, não pretendo matar você agora e nem hoje. Tenho coisas mais importantes para fazer, ou seja, “chupar” uns pescoços por aí. Seu sangue insignificante não interessa para mim, apesar de haver boatos sobre o sangue dos caçadores... – lambeu os lábios. -... São os mais apetitosos... Que saco, sangue é tudo a mesma coisa! – revirou os olhos e olhou Stéph. – E quem é essa belezinha? Não sabia que trabalhava em dupla, Adamson. – andou alguns passos na direção de Stéph.
- Não se aproxime, vampiro! – gritou Stéph. – Estou lhe avisando. Não ouse dar mais nenhum passo, ou então decepo sua cabeça imunda! – ameaçou. – E não trabalhamos em dupla!
- Calma, benzinho. Só quero te conhecer melhor. Não irei lhe fazer nenhum mal. – Paul levantou as mãos, informando que queria “paz”. – Você irá gostar de mim. – sorriu.
Irei lhe contar uma coisa: um vampiro é a pior criatura que alguém pode conhecer. Porque além de te seduzir, ter uma aparência boa e te manipular, suga seu sangue quando você estiver caidinha aos seus pés. É terrível. Já presenciei uma cena dessas, e não foi legal. Nenhum pouco.
Stéph fez um gesto feio na direção de Paul com o seu dedo do meio. Revirei meus olhos e balancei minha cabeça de um lado para o outro, reprovando-a.
- Stéph, por favor, tenha modos. Eu sei que ele não significa coisa alguma, mas não custa nada ter um pouquinho de educação. – falei, com sarcasmo na voz.
- Quem é você para vir me falar de modos ou educação? Se há alguém desprovido dessas duas coisas aqui é você. Poupe-me desse falatório e vamos acabar com esse nojento. – apontou para Paul.
- Ah, então quer dizer que a loirinha se chama Stéphanie? – Paul estava a um metro de distância da gente, ou seja, muito perto. – Eu deixo você me matar, delícia. – sorriu maliciosamente.
- Faça-me o favor, cara. Acredite, você não faz o meu tipo, eu não curto a sua espécie e meu nome não é Stéphanie! Agora, para de blefar, porque não estamos aqui para brincadeiras.
- E quem disse que estou brincando? – ficou à frente de Stéph. – Otária. – mais que depressa, Paul agarrou o seu cabelo e acertou sua barriga com o joelho, fazendo Stéph cair de quatro.
Eu realmente tinha que fazer algo. Paul estava tão ocupado olhando Stéph se contorcer de dor, que nem percebeu quando eu corri e chutei sua coluna, fazendo-a estralar.
Paul foi arremessado contra o chão com violência. Não houve gritos de sua parte. Quer saber? Paul era um sádico. Foi por isso que ficara sorrindo enquanto Stéph agoniava-se de dor. Vamos combinar. Nessa parte os dois combinavam perfeitamente.
Dei uns dois passos até onde Stéph estava, agachei-me e ajudei-a a levantar.
- Nunca disseram a você que é covardia atacar os outros pelas costas, Adamson? – disse Paul, de pé. Alongando suas costas.
- Essa regra não vale para mim, querido. – sorri e afastei Stéph um pouco. – Você não está em condições de lutar, Stéphanie. – olhei-a. – Ainda não se recuperou totalmente da luta de ontem.
- Quem disse? Escute: você não é a única com a capacidade de ficar boa dos ferimentos rapidamente por aqui. Então, não é a joelhada de um vampirinho que vai me tirar da jogada, entendeu? E meu nome não é Stéphanie! – jogou o cabelo para trás e olhou para Paul. – Ok, morcego. Você quer brincar? Então vamos brincar! – Stéph correu, levantando poeira. Tentou acertar o queixo de Paul com o punho, mas ele, por sua vez, esquivou-se e acertou suas costas com o cotovelo, fazendo-a cair de bruços.
Sorriu e olhou-me.
- O nível dos caçadores caiu muito. Pensei que vocês fossem mais habilidosos. Essa gatinha aí não suporta nada. – apontou para Stéph, sem tirar os olhos de mim. – Essa linhagem sanguínea de vocês é uma farsa.
- Quando eu cortar sua cabeça e fazê-la de troféu, então você verá o que é farsa. – disse, totalmente seca. – Ah, é mesmo. Ia me esquecendo. Você não verá nada, porque já estará morto mesmo. – tirei minha camisa quadriculada lentamente, joguei-a no chão e prendi meu cabelo.
- Vejo que irei me divertir. – Paul sorriu e chutou Stéph com força, jogando-a a alguns metros para longe de nós. Ela estava inconsciente e desprotegida. – Saiba que não quero lhe matar agora, Adamson. Já tenho planos para você. – sorriu mais uma vez, deixando suas presas enormes à mostra.
- Beleza. Mas eu irei matar você agora. – corri em sua direção, cheguei junto do vampiro e dei uma rasteira. Ele caiu e quando eu ia socá-lo no estômago, Paul levantou, pegou meu braço, sorriu e jogou-me contra o chão, fazendo-o rachar.
Agachou-se ao meu lado e agarrou meu pescoço de supetão, levantando-me.
- Vejamos. Eu não queria matar você, sabe. – disse novamente e socou minha caixa torácica com o punho esquerdo. – Você é tão linda para morrer. Seria um desperdício. – socou minha caixa torácica mais uma vez e gargalhou com ar de psicopata.
Gemi de dor. Talvez minhas costelas estivessem quebradas, mas eu não podia deixar que aquilo me impedisse.
- E você é muito... Imbecil... Para continuar... Vivo. – hesitei, mas falei. Lembrei do que Stéph havia feito com o vampiro de ontem à noite e consegui levantar meu joelho e acertar o queixo de Paul. Seu pescoço estralou e ele me soltou. Caí de pé, mas tossindo, enquanto segurava meu pescoço com as duas mãos, procurando por oxigênio.
Apertei meu pescoço com a mão direita e andei cambaleando até Paul. Tirei a estaca que estava presa à minha coxa, agachei-me ao seu lado e quando eu ia cravá-la em seu coração, Paul abriu os olhos subitamente, gritou alto e grosso, deu uma tapa na minha cara e disse entre dentes:
- Espere-me, Adamson! Eu virei com reforços! – e desapareceu do nada. Puf!
Francamente, eu não sabia que o teletransporte existia! Franzi o cenho e massageei meu rosto.
Levantei e caminhei – com uma das mãos sobre uma das costelas - devagar até onde estava Stéph. Tentei reanimá-la, só que ela não queria acordar. Procurei pelo meu celular em um dos bolsos da minha calça. Achei-o e liguei para Lucy.
- Lucy, estou com problemas aqui. – consegui dizer.
***
- Ok, eu não estou nervosa! Só estou com a voz alterada, porque... – encostei-me na parede, apertando meu peito. – AH, MEU DEUS! POR QUE ELA NÃO ACORDA?! – corri até Lucy e segurei sua blusa com força. Sacudi Lucy umas três vezes. – Anda, vamos! Diga-me o que está ocorrendo! – meus olhos estavam em chamas.
Lucy, calmamente, segurou meus pulsos e retirou minhas mãos da sua blusa.
- Acalme-se. Está tudo bem. Ela não morreu e nem irá morrer. – virou-se para olhar Stéph. – Olha só, ela está respirando. Vamos deixá-la descansar. Amanhã ela acordará cheia de energia, certo? – cobriu-a com um edredom. – Mas eu não sei o motivo pelo qual ela apagou... – seu rosto ficou sem expressão.
- Talvez tenha sido a agressão física de Paul. – eu estava aflita. – Mas suportamos qualquer pancadaria, Lucy. Eu não entendo. – pus uma mão na cintura e cocei minha testa com a outra.
- Nem eu. – olhou-me. – Olha, é melhor você ir descansar. Eu fico aqui com ela. Não precisa ficar se preocupando. Stéph é durona. – sorriu e apontou para a saída do quarto.
Assenti. Caminhei até a porta e virei para dar uma última olhadinha na cama que Stéph se encontrava.
Saí.
Fechei a porta.
Sentei no chão.
Chorei.
***
Não consegui descansar como Lucy me recomendou. Tomei um banho para relaxar, logo após deitei-me na cama sem me preocupar em vestir minhas roupas. Fechei meus olhos, mas não consegui dormir. Minha cabeça não parava de girar. Abri meus olhos novamente e fitei o teto. Fiquei naquele estado durante umas duas horas.
Estava escurecendo quando resolvi me levantar da cama e vestir-me. Pus qualquer roupa que achei à minha frente e caminhei até o quarto onde Stéph se encontrava. Abri a porta devagarzinho e dei uma olhadinha para dentro do quarto.
- O que está querendo, anã? – perguntou Stéph, deitada. Olhando-me com uma sobrancelha levantada. – Veio zombar de mim, é isso? – sentou-se e fez sinal com a mão para que eu entrasse.
- Claro que não! – entrei subitamente e fechei a porta. – Só vim ver como você está. – tentei um sorriso e aproximei-me da cama.
- Agora você já sabe como eu estou. Pode ir. – olhou para o lado e roeu uma unha, com raiva.
Fiquei parada em meu lugar.
Stéph percebeu que eu ainda não havia me mexido e olhou-me.
- O quê?! – ficou assustada e inclinou-se um pouco na minha direção. – Por que você está chorando, anã?! – quis saber.
Porém, nada respondi.
Gargalhei e abracei-a.
Stéph ficou imóvel. Ela não esperava por aquilo. Por um segundo ela retribuiu meu abraço, entretanto, em seguida, afastou-me com brutalidade, mas sem força.
- O que você pensa que está fazendo, garota?! – bufou, levantou-se da cama, cambaleou até a janela e abriu-a, deixando o vento entrar. Seu cabelo dançou com a brisa. – Se quer ser minha amiga, não me venha com abraços, porque não aceito nenhum vindo de uma anã de circo como você. – virou-se para mim e deu um meio sorriso.
***
Corremos entre as árvores do bosque com rapidez. Perseguíamos uma vampira de cabelo curto – corte “Joãozinho”. Ela era mais rápida do que nós. Parecia mais um leopardo perseguindo uma presa.
- Cara, não agüento isso! – olhei Stéph.
Ela assentiu.
Fui cessando minha velocidade aos poucos, deixando Stéph à minha frente e recomecei a correr rapidamente, pegando impulso para um salto. Quando passei por Stéph, quase “voando”, levantei poeira e seu longo cabelo loiro enrolou-se. Ouvi-a me xingar, mas não liguei.
Pulei e passei por cima da vampira. Quando aterrissei, agachei-me um pouco para parar-me com a mão no chão – a mesma não ficou num bom estado, mas curou-se rapidamente. Meu cabelo curto e repicado estava esvoaçando.
A vampira olhou-me assustada, parou de correr e começou a andar para trás, mas tombou em Stéph, que estava de braços cruzados e olhos cheios de desdém.
- Ô garota. Eu não fugiria se fosse você, porque assim, irá ser pior. – Stéph passou os dedos entre os fios de seu cabelo e cruzou os braços novamente. – Esperamos o sol ou a matamos agora? – olhou a vampira e olhou-me.
Como Stéph podia ser tão fria?
Não respondi sua pergunta que fez a vampira tremer.
- Olha aqui, gracinha. – continuou Stéph. – Não irá doer nada. Bem, vou ser boazinha com você. Vou deixar você escolher como quer morrer, porque... – Stéph foi interrompida por um soco na barriga, mas ainda conseguiu gritar – MAS QUE FILHA DUMA... – e tomou mais um soco no rosto, fazendo-a recuar uns dois passos.
A vampira sorriu orgulhosa, mostrando as pequenas presas, porém afiadas. Pena que era uma coadjuvante, pois não fugiu quando teve chances. Ela não percebeu quando Stéph se recuperou e pegou seu pescoço, jogando-a no chão, fazendo o mesmo afundar. Stéph havia soltado as feras.
- Minha querida, você mexeu com a pessoa errada! – soltou o pescoço da vampira e levantou-a pelo cabelo.
O “monstrinho” tentou revidar, mas Stéph chutou seu abdômen e ela caiu sentada numa poça de lama. Eu, a essa altura, estava sentada, com as pernas cruzadas, observando tudo. Stéph parecia uma criança brincando com uma boneca. A vampira aparentava ter a nossa idade, mas havia perdido a adolescência após ser mordida. Então, obviamente, alimentava-se de sangue humano. Por isso, tínhamos que matá-la, mesmo que eu não gostasse da ideia.
Ouvi um grito e nada mais. Já era. Stéph havia acabado com a vampira enquanto eu ficava com meus devaneios. Levantei-me e limpei a poeira das minhas roupas.
- Ok, já tivemos demais por hoje, vamos...
- Shhh... – Stéph levou o dedo indicador à boca, sinalizando silêncio e apontou para algo atrás de nós e saiu correndo entre as árvores, deixando-me sozinha.
- AAAAAAH! – vi um garoto loiro aterrissando na mesma poça de lama que a vampira acabara de ser morta.
Stéph pulou, ficando à frente do loiro e puxando a estaca da jaqueta.
- POR FAVOR, NÃO! NÃO ME MATE! – o garoto levou as mãos ao rosto.
Reconheci a voz. Não pode ser...
- Por que vocês ainda pedem isso? – Stéph levantou a estaca, mas a impedi de cometer uma tragédia bem no momento em que a madeira iria entrar em contato com a pele do cara.
Levantei o garoto pelo moletom sem delicadeza.
- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?! – gritei.
Ele estava assustado.
- Espera aí. Você o conhece? – aproximou-se Stéph de nós.
- Sim, mas não gostaria de conhecer. – respondi, fitando os belos olhos verdes-azuis de Joseph.
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